segunda-feira, 17 de novembro de 2008

OPINIÃO ll Haverá verdadeiros vencedores nos concursos de bandas de garagem?


Na revista Headzum.org deste mês, um dos editores d'A Nova Música Portuguesa escreveu um artigo que se refere à participação de bandas de garagem em concursos de música.

Com este artigo, não pretendemos tirar grandes conclusões sobre o assunto, até porque as bandas, muito melhor que nós, saberão as dificuldades, dúvidas, certezas, etc., por que passam ao longo da sua carreira.

Nesse sentido, pretendemos, primeiro que tudo, lançar um pouco a discussão e uma saudável troca de opiniões sobre os trilhos que cada uma delas percorre. De seguida apresentamos o artigo completo publicado na revista e esperamos que digam de vossa justiça. COMENTEM! Deitem cá para fora o que vos vai na alma, quer pertençam a uma banda, quer não pertençam. O artigo é o seguinte:

"Ainda faltam algumas semanas para o final do ano, mas não é má altura para se começarem a fazer alguns balanços. E não me parece má ideia escrever aqui algumas linhas sobre algo que ganha cada vez mais espaço no país e que muita ajuda tem dado a tantas e tantas bandas por esse país fora: os concursos para bandas de garagem. Até que ponto é realmente uma mais-valia a participação de uma banda neste tipo de concursos? Até que ponto vale a pena? Bem, desde logo, há o prémio. O prémio monetário é, muitas vezes, o que permite a uma banda evoluir, ao comprar, por exemplo, equipamento que, de outra forma, não conseguiria comprar. Também a gravação de um EP, prémio atribuído por alguns concursos, pode ser uma rampa de lançamento (partindo do princípio que os prémios são entregues…). Em último caso, estes concursos podem ser também uma das poucas oportunidades que uma banda que está a começar tem para estar em palco. Mas vamos por partes.

Se olharmos o historial de alguns concursos (aqueles com mais história), facilmente percebemos que se contam pelos dedos as bandas que os ganharam e que agora conseguem viver da sua música. Mas gostaria de fazer aqui um outro exercício. Se olharmos às bandas de garagem que este ano ganharam concursos, temos algumas que estão em ascensão e que, de outro modo, teriam mais dificuldade ou, pelo menos, demorariam mais tempo a evoluir. Dois exemplos são os The Profilers e os Slow Motion Beer Walk. Os primeiros venceram o ‘SBSR Preload’ e o Festival de Corroios e foram finalistas do ‘Arena Best Rock’ e do ‘Rockastru’s’. A vitória em Corroios deu-lhes o direito de gravarem um EP, que irão lançar no Maxime, a 31 de Novembro. Quanto aos Slow Motion Beer Walk foram os vencedores do ‘Arena Best Rock’, da ‘Front Lady Search Tour’ e foram agora finalistas do concurso ‘Levi’s 501’. São duas bandas cuja qualidade não engana.

Como outros exemplos, temos os Blá Blá Blá, que venceram este ano os festivais de Grândola, de Setúbal e o Rock na Praia, em Esposende, e foram finalistas do Rockastru’s. Já os Plaggio venceram o Festival de Gondomar e o Concurso de Bandas de Garagem da Queima das Fitas do Porto e, com ele, o direito de abrir a Queima das Fitas do Porto e tocar no ‘Rock in Rio’. Será que o crescimento destas bandas seria tão grande se aquelas vitórias não tivessem acontecido? Não me parece, pelo menos num tão curto espaço de tempo. Estas bandas tiveram uma exposição e oportunidade de evolução perante diferentes cenários que, de outro modo, não teriam (embora vá uma grande distância deste reconhecimento e evolução até ao profissionalismo).

Podem-me dizer que nem todos os concursos podem “projectar” uma banda. Totalmente de acordo. Como foi dito no início, há concursos mais locais ou regionais que servem apenas para as bandas ganharem rodagem e, quem sabe, uns trocos. Mas esses concursos são também necessários. Provavelmente são até os mais necessários para as bandas se mostrarem e se darem a conhecer ao máximo. Os Stone Slaves, por exemplo, venceram este ano o Vieira Rock e o Toca e Segue 2008. Certamente não serão a banda mais conhecida em Portugal. No entanto, conseguiram evoluir das mais diversas maneiras e, inclusive, ganharam algum reconhecimento, quanto mais não seja, no meio musical. E, em último caso, tiveram um empurrãozinho no seu ego para continuarem a fazer aquilo que mais gostam (até porque nem sempre se trata de dinheiro…).

O crescimento de uma banda é algo de muito complexo. Muitas vezes as oportunidades não surgem. Outras, tal como em todas as profissões em Portugal, é preciso uma cunha, um padrinho. Mas é por este tipo de concursos e por este tipo de mundo que deambulam a grande maioria das bandas portuguesas: no anonimato, fazem viagens de centenas de quilómetros para um concerto, quando no dia seguinte têm que trabalhar. Correm o país para fazer aquilo que mais gostam, com as despesas pagas do seu bolso. Para a maior parte, só a participação nestes eventos é uma vitória. Para todas estas bandas, vai a minha mais sincera homenagem.

Bruno Magalhães"

Para fazeres o download gratuito da Headzum.org de Novembro vai a:

http://www.headzum.org/

4 comentários:

Anónimo disse...

Boas. Eu não pertenço a nenhuma banda mas sou fã de rock. Conheço algumas bandas novas portuguesas, e existem de facto algumas com muito potencial. Para ser sincero, as bandas que são finalistas ou vencedoras da maioria desses concursos de garagem, não me dizem muito,pelo menos dos concursos que segui. Os vencedores parecem ter sempre um som muito comercial e previsivel, pelo menos na minha opinião. Secalhar sou eu que sou alternativo, não sei. Gostos não se discutem.

Anónimo disse...

Estou totalmente de acordo com o que foi dito no artigo em relação às bandas e o que elas passam para "criar" nome no meio, mas há que ver que nem todos os concursos são muito fiáveis. Muitas vezes a organização de alguns desses concursos deixa muito a desejar. Eu já participei num e não tive razão de queixa, mas pelo que se tem lido aqui no blog existem alguns concursos que não seguem o próprio regulamento que estipularam. Quanto ao facto de haver justiça quando elegem os vencedores isso depende de muitos critérios, mas por vezes nota-se que os gostos do júri acabam por influenciar esse resultado; como já aqui disseram, gostos não se discutem, mas esses não deveriam influenciar resultados.

Bom já deixei aqui a minha opinião, espero ouvir muitas mais.

Força pessoal

Kaamuz disse...

Como membro de uma banda que rolou em alguns desses concursos, sublinho as linhas do artigo. Para dizer a verdade, ainda à pouco tempo passámos pela Covilhã e, depois de toda a despesa por conta da banda, foi porreiro ver que a organização nos recebeu com um jantarinho bem agradável e paciência qb; a final também eles sabem o que isto é. No dia seguinte, pelo menos metade da banda tinha que se levantar bem cedo(!).
As despesas são sempre mais, e isto falando apenas do tema em questão, pois existem sempre as dúvidas e todo um outro colosso de receios por trás desta "vida de banda de garagem". Na verdade é uma prova de persistência e luta por um sonho. Segundo o mito (diz-se pelo menos, que) quem se esforça mesmo a sério sai recompensado... (?)
Já os AC/DC diziam(e ainda dizem.. até pode ser que cá na tuga brevemente uma vez mais..) "It's a long hard road if you wanna rock'n'roll". E acreditem, nem eu imaginava como...
E nunca é demais relembrar: fellow bands, a união faz a força, nunca se esqueçam. :)
Keep rockin'!

Hrc_la disse...

eu como baixista de uma banda que por acaso perdeu contra os Slow Motion Beer Walk, na eliminatoria do arena, concurso que eles ganharam, o que foi bem ganho na minha perspectiva. o que de melhor tem estes concursos é o convivio entre as bandas e tb o facto de mostrar-mos a musica que gostamos de fazer, mesmo que nao se passe nenhuma fase..amanha vou participar noutra Arena, mas desta vez na Metal, pelo que espero que mesmo que nao saia vencedor da eliminatoria, pelo menos que seja um vencedor justo...quanto aos Slow Motion Beer Walk, posso dizer que hoje somos amigos por causa do concurso e que desejo o melhor para eles.
acho que o facto de nos deixar mostrar o nosso som ja é um grande premio para as bandas, eu por mim falo.
Helder Costa
www.myspace.com/innerlessband