domingo, 6 de julho de 2008

Skewer: "O nosso álbum tem tido boa recepção no estrangeiro"

Os Skewer lançaram recentemente "Whatever", o novo trabalho da banda do Barreiro do qual não se pode dissociar o excelente vídeo do single de apresentação "Stayed". Fomos à procura de conhecer melhor a banda, as suas expectativas quanto ao novo álbum ou a sua afirmação lá por fora. Pelo meio, uma conversa em tom sereno, onde não se deixa de passar um olhar sobre o panorama musical em Portugal.

Quem são os Skewer?
Valério- Os Skewer são Rui Guerreiro (baixista), o João Galrito (guitarrista), Igor Pedroso (baterista) e eu, Valério Paula, vocalista e guitarrista.

Como surgiu a banda e o nome?
Valério- O nome não lembro, mas posso dizer como surgiu a banda. Desde 2003 um amigo dizia-me que deveríamos montar uma cena rock. Em 2005 acabamos por pegar em algumas demos e começamos a ensaiar algumas músicas dessas demos. Em 2006 gravamos uma DEMO/CD para a divulgação da banda e foi a partir daí que surgiram os Skewer.

Rui – Pois essa parte já é com o Valério, ele é que já é o avozinho da banda (risos).

Skewer - João, Valério, Igor e Rui

Que influências podem ser ouvidas na vossa música?
Skewer- Rock, Indie Rock, Rock Alternativo, Grunge Rock...

Vocês lançaram recentemente o vosso segundo trabalho, "Whatever". Para quem não vos conhece, como definiriam o álbum e o que podem prometer a quem o queira ouvir?
Valério- Na verdade, o "Whatever" é o nosso primeiro trabalho oficial com uma editora. É um pouco de rock à moda antiga, não muito antiga, entre os anos 90 e inícios do novo milénio, como podem notar em alguns temas como "Cyborg Insurrection" e "Save Me From Myself", ali pelos últimos minutos.. Definiria este trabalho como um álbum rock.

Igor- Na minha opinião, acredito que este novo álbum está mais maduro. Claro que temos muito que trabalhar, mas penso que estamos a construir boa música. A única coisa que podemos prometer é que as músicas são feitas com paixão, sentimos o que tocamos e gostamos do que fazemos.

Quais são as vossas expectativas em relação ao álbum?
Valério- Bem, o EP foi a nossa passagem para as rádios, para concertos com mais condições, deu-nos a conhecer mais pessoas e até chegarmos à televisão. No entanto, estamos sempre a querer dar um passo em frente e a nossa próxima meta é tentar em 2009 os Festivais de Verão, a ver vamos se concretizamos mais este ponto na nossa pequena carreira. Afinal os Skewer têm apenas três aninhos...

Igor- Esperamos que acima de tudo o público goste e consiga-se identificar de alguma forma com o trabalho que estamos a desenvolver.

Como está a ser recebido em termos de vendas, reacções nos concertos ou mesmo pela crítica?
Valério- Sendo sincero, as vendas em Portugal não são boas, os países onde estamos a vender mais são os EUA e no Reino Unido. As reacções nos concertos têm sido das melhores possíveis, visto termos mostrado muito material do próximo trabalho e pelo "Whatever" ir um pouco mais longe que a Demo "I Need Something Stronger" de 2006. E as críticas ao EP não poderiam ser melhores, é só visitarem o nosso site e lerem... Mais um pouco e mandava a Madonna ter cuidado!...

Download gratuito de "I Need Something Stronger"

Igor- Tentamos encarar sempre tudo com um sorriso e com a cabeça erguida. Até hoje temos tido críticas boas ao nosso trabalho, os concertos tem corrido bem e estamos a trabalhar para que corram sempre melhor.

Na sequência do lançamento deste álbum, como está a vossa agenda para o verão? Sabemos que a estão a preparar e à procura de concertos. Em que ponto estão?
Valério –Temos procurado e temos ouvido propostas, porém muito pessoal pensa que andamos a pedir muito dinheiro para tocar, não sei o que se passa... Nós continuamos os mesmos nesse sentido, tocamos pelo prazer de tocar e não para tentar ficar ricos. Em breve vamos anunciar algumas das datas que temos para fins de Agosto e Setembro.

Rui – É sempre difícil marcar datas devido aos constantes festivais de Verão que há, pelo que para os Skewer esta época de calor vai ser um pouco menos agitada.

Já disseram que têm vendido mais nos EUA e em Inglaterra... Como vai a vossa aventura no estrangeiro?
Valério - No estrangeiro o CD tem tido boa recepção. A Believe tem-no vendido para tudo o que é plataforma de música. Sobre a edição do CD recebemos uma proposta do Brasil e outra do Reino Unido, mas ainda estamos a estudá-las, porque estamos a ponderar se não seria melhor apostarmos num novo trabalho e de preferência numa editora nacional, já que temos a Believe lá fora. Quanto a tours, vamos fazendo as datas e no final do ano diremos que esta foi a tour de promoção do álbum. Marcar datas todas seguidas nunca dá certo, aparecem muitos problemas de incompatibilidade de horários, entre outros.

João - Voltando um pouco à "aventura no estrangeiro", temos tido contactos de algumas bandas de fora para organizar concertos cá e lá, mas nunca ficou nada certo, portanto acho que ainda não chegou essa altura. Mas chegará!
Skewer

Como tem sido o vosso processo de amadurecimento enquanto banda? Entre concertos, crítica, elogios, desilusões... Como têm digerido tudo isto?
Valério - A cada ensaio a cada concerto e a cada dia que a banda está reunida, tentamos cada vez mais ouvir-nos uns aos outros, sem passar por cima de ninguém. Tentamos sempre trabalhar a ideia de cada membro. Quando ocorrer alguma desilusão mais séria, tentaremos sempre ver onde foi que falhamos, para não acontecer novamente e assim a banda vai sobrevivendo. Sobre os elogios e as boas criticas, também não os deixamos subir à cabeça, pois sabemos que há muito que trabalhar. Estamos em Portugal e se não estivermos em constante desenvolvimento no dia seguinte ninguém lembra de ti, por isso tornei-me um bastante crítico no que faço. Tento sempre aperfeiçoar as coisas. E assim vamos digerindo tudo da melhor forma possível.

João - Às vezes torna-se custoso ver que os nossos esforços caem um pouco no esquecimento e não sentimos retorno de todo este trabalho e dedicação, mas sabemos que é isto que queremos e não iremos desistir.

Como nasceu o vosso vídeo? De onde partiu a ideia?
Valério - A Omelet Productions viu um concerto da banda em 2007, nas Festas do Barreiro, entrou em contacto connosco logo após o concerto e perguntou-nos se estaríamos interessados em fazer um videoclip... E a partir daí começamos a ouvir as ideias da Omelet até ao ponto em que nos mostraram o produto final: "Stayed" em vídeo. Gostamos desde o primeiro momento! "Stayed" foi a música escolhida, porque foi o single de apresentação do "Whatever".

Skewer Stayed (Official Video)

Quanto tempo demorou e ser feito e quem o fez?
Valério - Para ser sincero começou em Agosto de 2007. Entretanto houve alguns problemas durante a renderização, depois o PC teve vírus , perdeu-se tudo e, mesmo depois de tantas dificuldades, em Maio de 2008 mostraram-nos o resultado final. Em Junho começamos a divulgação do vídeo que foi logo adicionado ao "Myspace Portugal" em exclusividade.. Isso foi muito bom para os Skewer, foi de grande ajuda na promoção ao "Whatever".

Para vocês deve ser quase um filho, até porque está extremamente bem feito e é uma imagem de marca da banda numa altura que se querem impor em força...
Valério - Sim, mas vendo bem a esta distância acho que ficaram alguns aspectos por melhorar e outros por acrescentar. Sou muito crítico, estou sempre a querer melhorar tudo, porque sabemos que o pessoal que trabalha critica. Vai ver o que está bom, mas ainda mais o que está menos bom. Porém, para minha surpresa, as críticas têm sido excelentes e espero que o nosso próximo passo seja tão bem elogiado.

A internet, mais concretamente o myspace, tem-vos facilitado a vida? Como têm lidado com estas novas tecnologias?
Valério – O MySpace e o Hi5 têm sido os nossos maiores aliados na divulgação dos Skewer, estamos a ter uma quantidade muito grande de visitas ao site e já chegamos a ficar quase uma semana no 3ª lugar do top do MySpace, coisa que nunca na minha vida poderia imaginar... E isto apenas com o nosso esforço a convidar o pessoal a conhecer o nosso myspace e pedindo aos velhos e novos amigos para passarem a mensagem. Claro que não podemos esquecer alguns apoios que temos, alguns deles que já se tornaram grandes amigos nossos..

Myspace dos Skewer

Por outro lado a internet tem muitas vezes alguns efeitos preversos. Por exemplo, a pirataria ou mesmo a massificação da música. Por vezes não sentem que há, por assim dizer, música a mais? Perguntamos isto porque, principalmente com o advento do myspace, há quase infinitas possibilidades para ouvirmos novas bandas e músicos e, por vezes, poderá ser difícil fazer a diferença...
Valério - Nunca pretendemos ser os próximos Placebos, ColdPlay ou Nirvana... Só queremos fazer a nossa música e ter algum pessoal a gostar dela. Se for crescendo a quantidade de pessoas isso é bom, agora se começar a diminuir é que seria muito mal. Teríamos que descobrir o que se estaria a passar... Mas o que me deixa mais feliz é o apoio e as palavras das pessoas que sentem vontade de conversar e isso faz-nos ter vontade de continuar. Sobre a infinidade de bandas isso cada vez ficará pior visto a facilidade de gravar um CD. Mas não o vejo como um mal, pois quanto mais música existir mais criatividade existirá, mais coisas novas vamos aprendendo. A humildade tem que residir aqui acima de tudo!

Igor - Sim é muito chato "piratearem" as músicas, mas já se sabe que toda a gente o faz. Acabamos por ficar um pouco mal porque as pessoas fazem download das músicas em vez de as comprarem. Para as grande bandas poderá não ser um problema tão grande, mas para as pequenas recém criadas é um grande prejuizo. Pode até causar o fim prematuro de uma banda...

Rui – Acho que a minha opinião é partilhada com qualquer outro músico e elemento da banda: queremos simplesmente deixar a nossa marca a toda a gente que goste do nosso trabalho. Para que quando alguém ouvir uma música nossa na rádio poder dizer de imediato “isto é Skewer”. É claro que, à medida que o tempo vai passando, por vezes é um pouco difícil inovar, mas não é nada que não se consiga com muito esforço e dedicação.

Como acham que anda o panorama musical no nosso país?
Igor - Para bandas estrangeiras está tudo bem: têm o que querem e, verdade seja dita, merecem. Mas também vejo que em Portugal não se aposta muito na qualidade das bandas portuguesas e atrevo-me a dizer que há muita banda portuguesa que tem o mesmo valor ou mais que algumas estrangeiras e a maioria ninguém sabe que existe...

Rui - A crise acaba por afectar todos. Os bares muitas vezes não dão concertos pois as bandas podem ser consideradas uma despesa extra. Depois, pegando um pouco na pergunta anterior a Internet da mesma forma que apresenta a banda a “nú” tira também alguma da curiosidade do público. Já não há aquela vontade de ir ver uma banda ou de comprar um CD de vez em quando, só pela curiosidade como acontecia muito até os anos 90... Mas as coisas são assim e “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” (risos).

João - Hoje em dia posso dizer que me sinto orgulhoso das bandas e artistas que temos no nosso país. Felizmente começa-se a fazer sentir uma mudança de mentalidade e existem bandas com muito boa qualidade a conseguir surgir no panorama cultural do país. E isto em todos os espectros musicais: Metal, Rock, Pop, Tradicional... O ambiente está a fervilhar de novas ideias e acho que poderemos vir a ter aqui uma vaga de boas bandas com grandes possibilidades de sucesso além-fronteiras. Isto, claro está, não seria possível se não houvesse essa consciência por parte do público, que tem estado com as bandas e apoia os seus artistas favoritos. Mesmo assim ainda se sente alguma dificuldade hoje em dia de fazer o povo sair de casa e ir descobrir bandas novas e curtir um concerto. Existem concertos a toda a hora em todo o lado e muitas vezes essas pessoas não têm noção do que é que uma banda sacrifica para conseguir dar um concerto. Muitas vezes com más condições e sem ver o seu trabalho recompensado. Felizmente o gosto pela música continua a falar mais alto.

O que têm ouvido ultimanente?
Valério- Ultimamente tenho ouvido muito o "Lady Cobra" de Riding Panico e o Emotional Cocktails dos YSGA.

Igor- Lamb of God, Machine Head, Hatebread, Graveworm. Nacional os Skewer e Switchtense.

Rui – Para além de rock sou também muito virado para o metal. Portanto tenho ouvido coisas que vão completamente ao extremo, desde um bom Death Metal (ex: Necrophagist), até ao rock (ex: Led Zeppelin).

João- Também tem rodado o "Lady Cobra", o novo de ThanatoSchizO "Zoom Code" e também o último dos Boris, "Smile".

Já agora, como anda o rock no Barreiro?
Valério- O Barreiro já não tem espaços para as bandas actuarem, o pessoal limita-se a estar e a beber uns copos e pouca coisa acontece. Já tivemos dias melhores...

Alguns de vocês tem projectos musicais paralelos?
Valério- Não tenho tempo, visto Skewer levar todo o meu tempo, porque temos que estar em constante procura e sempre de olhos abertos. Muitas vezes as notícias de alguma oportunidade chegam-me com atraso e para que Skewer continue é preciso muita dedicação. O resto do tempo tento dedicar à família.

Igor- Eu tenho um projecto ainda em formação com uns amigos. Estamos a tentar formar uma banda de Gotic Metal...

Rui - Além de Skewer tenho mais uma banda de Death/Thrash Metal. É ainda um projecto ainda com poucas bases, mas que, a meu ver, terá algum futuro.

João- Eu sou algo "musicólico"... Neste momento tenho uma banda de Rock Experimental/Alternativo, os Amarionette, tenho um projecto em andamento de Doom Metal, chamado Mourning Lenore e entrei recentemente como baixista para uma banda já com algum nome na Margem Sul, os Veinless.

Com quem gostariam de tocar uma música?

Valerio - Em Portugal, com os Riding Panico e estrangeira... Nirvana!... São complicadas as minhas escolhas...

Igor- Moonspell, Nightwish ou Lars Ulrich...

Rui – A nível nacional escolheria sem dúvida You Should Go Ahead. Já no panorama internacional possivelmente os britânicos Terrorvision.

João - Já que estamos numa de mencionar bandas passadas, gostava de ter a oportunidade de ver Ornatos Violeta de volta ao activo...

Desde já obrigado pelo vosso contacto e, esperamos nós, até breve...
Valério - Sempre! Nós é que agradecemos e esperamos que isto seja apenas o começo de uma longa amizade, embora sem beijinhos calientes!:)

Rui – Nós é que agradecemos pelo interesse e pela vossa disponibilidade!

1 comentário:

Kaamuz disse...

Video porreiro.
Yah, realmente, tocar com Nirvana agora é um bocado difícil X'D=
Força nisso Skewer.